Obesidade e Diabetes: A relação desvendada

A adiposidade predominantemente abdominal associada à hipertensão, aterogénese ou a processos trombóticos, constituiu um importante fator de morbilidade e de mortalidade.  Indivíduos com elevado teor de gordura corporal tendem desenvolver também uma resistência à ação da insulina o que culmina no surgimento de diabetes tipo II.

O mecanismo através do qual a inflamação do tecido adiposo e a presença de macrofagos e outras células imunes nesse tecido, características da obesidade, origina a insulinorresistência sistémica desencadeadora da diabetes foi alvo de pesquisa durante décadas para o endocrinologista Jerrold Olefsky, que se propôs a determinar o papel relativo de cada orgão na fisiopatologia da diabetes não insulinodependente. A obtenção de novos resultados experimentais pela equipa de Olefsky indica que a relação pode ter sido finalmente desvendada.

Sendo a resistência à insulina um fator sistémico, crê-se que exista uma molécula portadora proveniente do tecido adiposo inflamado que induza esta resistência nas restantes células. Um dos primeiros candidatos como possíveis moléculas transportadoras foram as citocinas, acabando por ser substituídas por outras moléculas envolvidas na transformação celular, os exossomas. Estas pequenas vesículas transportam microRNAs, pequenos ácidos nucleicos que influenciam a expressão genética.

Nesta vertente, foi realizado um trabalho experimental que consistiu em recolher exossomas provenientes do tecido adiposo em ratos obesos e não obesos e inseri-los em culturas de células musculares, hepáticas e de próprias células adiposas. Enquanto que os exossomas do tipo magro induziram uma 'super sensibilidade' à insulina nas células alvo, os exossomas provenientes dos ratos obesos induziram a resistência à insulina. Os resultados 'in vivo' alinharam-se com o já descrito pois os ratos magros injetados com exossomas do 'tipo obeso' desenvolveram uma resistência à insulina.

Os exossomas 'obese-type' induziram a resistência à insulina em ratos saudáveis 

O miRNA responsável por esta ação foi identificado como sendo o miRNA 155, muito comum em exossomas e que tem como alvo o gene PPARy, já estudado como um gene envolvido no surgimento de diabetes não insulinodependente. Como Olfesky referiu: "A estimulação do PPARy causa sensibilidade à insulina; quando se inibe este gene, causa-se resistência."

O unico entrave à veracidade desta conjectura é a  falta de ligação ao Homem assim como afirmou o investigador da Universidade de Oxford Fredrik Karpe, "A coisa óbvia a fazer é retirar uma amostra de sangue e verificar se temos realmente esses exossomas".


'The tissues were talking to each other to chromosomes, we just didn't know how to listen' Jerrold Olefsky


Fonte
-https://www.the-scientist.com/








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